quarta-feira, 15 de julho de 2009

Beatnik Bar Café

Grande legado:

Belém acaba de ganhar um novo bar temático: o Beatnik Bar Café.

A geração beat, encabeçada pelo escritor americano Jack Kerouac, através da sua Bíblia "On the Road", é a inspiração para o novo "Beatnik Bar Café" que inaugurou, dia 10, na Braz de Aguiar.

A proposta é o "discurso da liberdade", diz Cláudio Leal, socio do bar.

Beatnik Bar Café
Av. Braz de Aguiar, 24
Informações: 8233 8384
beatnikbar@ig.com.br

Para saudar o novo bar, a Poesia Beat de Benny Franklin, faz a diferença.

Poesia Beat

Tressinto que em mim
ecoam todos os cânticos verborrágicos
que jazam baldios na cabeceira “On the road”:
a Bíblia Beat tricotada pelo Beatnik Jack Kerouac,
combinada com a heresia maquinal
dos “Vagabundos iluminados”,
que parecem ser o "spleen" do "Livro dos sonhos"
das gerações ultra-românticas do século XX.
Exceto as minúcias
do flerte com o existencialismo,
o floreio de um hermafrodito aflito,
a execução,
o suspiro final,
o corpo e suas despedidas

– blindarei a angústia, calcinarei os olhos.
.....................

Tal o vômito contracultural,
espalhando seu “Way of Life
pelos quatro cantos da Terra,
o dadaísmo é a única proteção
das lívidas rosas encarnadas frígidas
e outros undergrounds cabeludos
pouco dados à prática diária do zen-budismo surreal.
Por mais que do inconformismo sexual
as mãos cínicas e fortes
derramem-lhe às entranhas
inabitadas e tristes
acácias entupidas de sangue
e lamentação...
.....................

Sob a literatura dos beats
o poema se agiganta
e a tarde racha a languidez da lenha.
Escolta do cardume à quilha
a fomedez malquista,
porquanto como numa fotossíntese,
entre cuspes e aromas
dar-me-ei completíssimo,
qual orgasmo ateísta
fadado ao gozo regado a sexo livre
e os olhos na estrada

— cegá-los-ei com toda a força de que sou algoz.
.....................

Quem escala a palavra
será seu amo-de-gala,
e ao crucifixador cabe apenas
a inusitada certeza
de saber que nunca
repousará sob a fala.
Ai, alguém,
gramaticou o interruptor
desse olímpico segredo
de que somos atados à presilha
do momento,
graças ao guloso deboche
que abana e que dilacera
todos os gemidos não ditos;
ai, todos se completarão compelidos
em outros versos
não fritos.

Fotografia: Beat Museum- Flickr/Creative Commons

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